terça-feira, 16 de agosto de 2011

O Castor e o desânimo crônico

Castor?! Você talvez esteja se perguntando. Sim, o Castor. Trata-se de um dos últimos filmes estrelados por Mel Gibson e dirigido por Jodie Foster, que também atua no filme, intitulado (no Brasil) "Um Novo Despertar".

Nesse longa, Walter Black (Mel Gibson) é um sujeito que tinha tudo na vida, presidente de uma empresa de brinquedos de sucesso, uma bela família, uma boa vida. Mas, de repente, ele entra numa depressão profunda, aparentemente vinda do nada, ou talvez vinda do próprio pai (fica subentendido que o pai de Walter também sofria de depressão e havia se suicidado poucos anos antes). Buscando livrar-se da depressão, ele tenta de tudo: analistas, terapeutas, esoterismo, remédios, livros de auto-ajuda...mas, nada parece funcionar. Sua depressão chega a tal ponto em que tudo o que ele faz na vida é dormir, em quase todas as ocasiões possíveis.

Não suportando mais a situação, a esposa pede que ele deixe a casa. Seu próprio filho mais velho apoia a decisão, já que fazia de tudo para evitar se parecer o mínimo que fosse com o pai. E, então, é nesse dia em que Walter encontra um fantoche de castor que parece tomar vida em suas mãos, transformando-se numa espécie de alter-ego para Walter, mudando sua vida para melhor, mas não sem trazer alguns obstáculos com ele. Walter volta a trabalhar, faz sua empresa começar a funcionar super bem, a família parece começar a voltar ao normal. Porém, após certo tempo, o tal fantoche de castor, que "salvou" sua vida, começa a ser um peso na vida de Walter.

Veja o trailer (e o post continua logo após):


Enfim, quantos de nós já podem ter se sentido um pouco no lugar de Walter Black?! Talvez não tantos como vocês imaginem, ou talvez não na mesma intensidade, ou grau de patologia mental. Mas, muitos já passaram por momentos bastante difíceis, uns mais do que outros.

Há momentos da vida em que alguns de nós parecem ter perdido toda a esperança ou direção em seus caminhos, cada um por motivos diferentes, ou sem motivo aparente. Fato é que alguns de nós padecem desse mal, por um período ou outro, por mais ou menos tempo. O chão parece perder contato com nossos pés, o mundo parece ter menos cores, as coisas parecem fazer menos sentido. Às vezes, isso ocorre devido a algum tipo de trauma na vida de alguém, noutras vezes é uma questão de genética, e ainda, para alguns, pode até ser questão de um intelecto mais desenvolvido do que o normal (veja artigo do mesmo autor em outro blog mencionando "Depressão Existencial em Pessoas com Altas Habilidades clicando aqui). Um pouco mais sobre a questão da depressão também é tratada em post anterior neste mesmo blog (clique aqui para ler).

Enfim, o problema enfrentado por muitas pessoas nos diversos quadros depressivos existentes são vários. À parte a questão sintomática, caracterizada, entre outras, por perda de satisfação nas atividades antes prazerosas, alterações de sono e apetite, redução do desejo sexual, ideações suicidas, etc., a coisa não pára por aí.  Além dos sintomas da depressão em si, do isolamento social que é gerado (e que agrava o problema), ainda há os problemas enfrentados perante a sociedade, que não sabe lidar com aquele que sofre de depressão. Muitos acham tratar-se de "frescuras", de fraqueza de caráter, ignoram ou fazem pouco caso, alguns ainda zombam ou são ríspidos com pessoas sofrendo desse quadro clínico.

Em resumo, poucos conseguem enxergar um indivíduo com uma alma gritando por suporte, sem saber por onde sair dessa situação crítica. Pode parecer bobagem para alguns, mas é extremamente desgastante e potencialmente devastador para o "enfermo" (sim, trata-se de uma enfermidade. Mais informações, algumas estão aqui). Poucos tem a sensibilidade para saber lidar com alguém nessa situação.

Bom, mas e o que tem o Castor a ver com isso tudo?! Apenas tema introdutório para o post aqui?! Não, não apenas isso. Muitas vezes as pessoas escondem-se debaixo de "escudos" para superar suas dores. Mesmo aquela pessoa que aparenta ser tão centrada pode ter problemas mais complexos do que aquele que deixa transparecer seus transtornos. Muitos escondem-se por trás de máscaras de felicidade, até de si mesmos, quando na verdade degladeiam interiormente contra diversos males subconscientes.

Alguns desses escudos podem ser um tanto bizarros, como o Castor de Walter Black no filme mencionado, outros podem esconder-se atrás da bebida, ou de pequenos vícios (internet, jogos, hobbies, etc.). As formas de tentar lidar com as frustrações do cotidiano são várias, seja contra uma depressão persistente, seja contra a dor de uma perda, de um rompimento emocional, de um insucesso profissional, e assim por diante.

A grande questão aqui é, em fins de contas, a busca pelo equilíbrio emocional. Quase todo ser humano lida com isso, todos os dias, com maior ou menos intensidade. E, não bastasse ter de lidar com seus próprios obstáculos emocionais, ainda há o dos outros. Problema é que algumas pessoas prestam apenas atenção em suas próprias vidas. Bom, se fosse apenas isso, sem problemas. Porém, quando menosprezam ou ridicularizam, ou mesmo lidam inadequadamente, com os "desequilíbrios" alheios, aí a questão é outra.

Diversos gênios e figuras memoráveis da História tiveram seus transtornos do humor (como às vezes é referenciada a questão). Van Gogh cortou a própria orelha (e, posteriormente, cometeu suicídio), Mozart agia de forma estranha, entre tantos outros exemplos. Eu posso aprender em poucos dias (ou mesmo horas) algo que levaria muita gente de magnífica desenvoltura social vários anos para ter uma vaga idéia sobre o assunto. Enfim, cada um de nós tem seus pontos fortes e fracos no equilíbrio da totalidade do Ser.

Enfim, já devo ter perdido o foco, e toda a idéia que tinha antes de colocar-me a escrever parece ter se perdido no tempo e em meio a outras divagações. Talvez o ponto central nessa reflexão seja a questão do "não deixe para chorar a perda de um amigo ou conhecido depois que ele houver apelado para uma resolução radical de seu problema", ou do "seja compreensivo com quem não está bem, pois você também tem seus maus momentos". Algo assim!

Mesmo por trás das pessoas mais aparentemente depressivas há uma energia pulsante que busca a liberação do infortúnio que as aflige. Dentro de cada um de nós, estando bem ou não, há uma potencial contribuição de vida aguardando ser realizada. E, ainda, você nunca sabe quem pode estar passando por maus bocados: hoje posso ser eu, amanhã pode ser você. Infelizmente, alguns de nós são bons demais em esconder seus sentimentos, e você percebe que a pessoa não estava bem quando já é tarde demais, ou quando a problema já é mais grave do que deveria ser.

Bom, é mais ou menos isso! Sejamos mais compreensivos uns com os outros! Sejamos mais atenciosos e pensemos que o outro, aquele além de nós mesmos, também merece respeito e tranquilidade, pois para os demais cerca de 6 bilhões de pessoas nesse mundo, cada um de nós é "esse outro". Precisamos tratar de nosso próprio equilíbrio, ao passo em que mantenhamos sempre (!!!) o espaço para que os demais também possam cuidar de seu próprio equilíbrio. Afinal, tudo é muito simples se cada um cuidarmos de nossa parte, de nossas próprias vidas, ocasionalmente ajudando-nos mutuamente, ou ao menos sem prejudicar, do jeito que fôr, o espaço do outro!

Uma boa busca por plenitude para todos vocês!!!

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