Inspiração do atual post, "Veronika Decide Morrer", versão cinematografada da obra de Paulo Coelho!
Alguns ditos sábios dizem, sendo reais sábios ou não, que "Deus dá o frio conforme o cobertor". Talvez, azar o meu por ser agnóstico! Sem saber se meu cobertor é feito de material de qualidade, ou se o frio desse momento é quase Ártico, sigo em frente, um tropeço após o outro.
Há noites em que não encontro a lua, há entardeceres com um pôr-do-sol sem sabor...há dias em que surge a dúvida: o quão legítima é essa tristeza que embarca essa nau de mim?! Seria eu um depressivo sintomático, ou não mais do que um resmungão patético?! A dúvida, então, acaba tornando-se um alimento para o frio que sopra bem lá dentro!
Os budistas já diziam "Se um problema tem solução, não há porquê chorar. Se um problema não tem solução, chorar de nada adiantará". Minha cabeça concorda em gênero, número e grau, mas meu coração não houve a voz da razão e, se houve, fica na agonia de imaginar que talvez não tenha forças para encontrar a tal solução existente, temendo a cabeça julgar impossibilidade de resolução prematuramente.
Porém, problemas vêm e vão, são pré-requisitos para a evolução de quem caminha sobre o chão desse planeta. Surge um obstáculo, tentamos pular, às vezes caímos, mas pulamos novamente, ultrapassamos a barreira, e seguimos adiante. Grave, verdadeiramente, é a ocasião da dúvida sobre si mesmo. Há momentos em que a vida nos coloca téte-a-téte com nossos erros, nossas fraquezas, nossos medos, nossas inseguranças, e outras falhas, e às vezes o faz tudo ao mesmo tempo. Olhamos para o fundo do abismo e o abismo nos olha de volta, porém o olhar que de lá nos vem é tão somente o de uma versão sombria de nós mesmos. Um golpe atrás da cabeça nos põe ao chão, apenas mais um golpe depois de outros tantos...
Há momentos em que nos sentimos fracos, incapazes, desmerecedores de qualquer vitória, de qualquer sorriso, seja de lábio próprio ou alheio. Há alguns de nós que perdem vista do valor que possa haver dentro de nós mesmos. Somos nada mais do que um "cara estranho", que 'parece não achar lugar no corpo em que reencarnou'... Assim, planejamos uma partida para o lugar de onde pensamos nunca devermos ter saído, planejamos com detalhe a derradeira fuga, guardando o plano na gaveta de suprimentos etiquetada "Abrir em Caso de Emergência"!
Alguns, corajosos ou egoístas - há grande debate sobre o adequado título-, tomam iniciativa de colocar o plano em andamento, com ou sem sucesso. Outros, de menor 'coragem', agarram-se à esperança de que o sol possa surgir a qualquer momento, levando o frio para longe, para algum lugar onde não possa mais ferir pessoa alguma. E aguardamos, aguardamos pelo sol surgir, torcemos para não ter de abrir a gaveta da última decisão...
O mundo lá fora é cinzento, assim como aqui dentro, mas ainda assim é capaz de nos oferecer diversas luzes ao final dos diversos túneis! Sorrisos, abraços, danças, traços de música ecoando nos olhares discretos num trajeto ou outro, um tesouro aqui ou ali...
Então, continuo repetindo a mim mesmo, buscando me convencer, dizendo mentalmente na calada da noite, "É sempre mais escuro antes do amanhecer"!
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